Mãe
Me deixe ser
Eu nunca fui perfeita
Tampouco você
E está tudo bem
Não é pecado se defender
E não dizer AMÉM
Eu sei que você sabe
Que muito me calei pra agradar
Agora chega, eu preciso
Do seu apoio e confiança pra caminhar
Lembra da nossa estranha estrada
Pisando em pedra afiada
Ferindo o coração
Foram tantas de nós
Que pagaram o preço
Só por dizer NÃO.
Por tantas de nós
Que viveu pra servir
Ser moça recatada
Que estudou pra casar
Que se casou pra parir
Eu reclamo em meu pranto
Grito, exclamo!
Caio... Levanto.
Mãe
Me calei pra chorar
Criei molduras belas pra divertir
Mas, não me peça mais não
Pra não falar
Me deixa ser e errar
pra eu sorrir
Fomos esquecidas na história
Irmãs arderam no fogo pra despistar
Nosso caminho foi duro
Totem tabu e escuro pra castigar
Te ensinaram assim
Me mandou eu dizer SIM
E você esqueceu
Cansei de me comportar
Como princesa bela
Desde que Eva nasceu
Lamento, se te decepcionei
Mas se me quer ver feliz
Deixa eu me soltar
Não me diga como fazer
Eu quero mais é nadar na vida até me afogar (mergulhar)
Mãe (mas)
Não solta da minha mão não
Porque ainda não sei onde vamos chegar
Intrusas no paraíso
Mundo de cruz, masculino
Isso vai terminar
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07 de abril
Poesía feita após minha mãe me pedir pra me calar e ENGOLIR A seco, pra me proteger e não me envolver com questões que me afetavam.
Chorei muito, pedi que por favor me permitisse SER quem eu sou, porque foram anos calada e eu ja estava esgotada de ser o que todo mundo dizia pra eu ser (como acontece com todas as mulheres)